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ShuHaRi : Aprendendo a Aprender

Todos os dias somos bombardeados com milhões de informações de todos os lados. Dentre elas, muitas dizem respeito a técnicas, práticas e ferramentas que visam ajudar (ou não) a nossa vida e trabalho. Eu já falei aqui sobre várias que me trazem muito apreço. Porém, após escolher quais dessas vamos experimentar, temos a difícil missão de absorvê-las e realmente aprendê-las.

Para mim o Shuhari é uma ótima filosofia a auxiliar neste caminho de aprendizado e incorporação de conhecimento. Ele é composto por três fases distintas em busca do conhecimento de um conhecimento.

Shu : Proteger


Ao começar o aprendizado de uma técnica devemos nos despir de preconceitos e focar no aprendizado de seus conhecimentos. A fase do Shu consiste em guardar os ensinamentos básicos de maneira passional. Segui-los a risca e buscar entender seus porquês para ter um entendimento completo da técnica.

Esta é a fase em que a maioria de nós desiste. Seja por falta de ânimo ou necessidade ou pelo pior dos motivos, a arrogância. Muitos julgam já conhecer o suficiente sem nem ao menos ter arranhado a superfície de um conhecimento pulando, perigosamente, para as demais fases.

Ha : Desapego

Nesta fase começamos a nos desapegar das regras que nos limitam. O conhecimento profundo somado a prática nos permite começar a quebrar os limites da técnica e saber os contextos onde ela melhor se aplica ou não. Esta é uma fase de maturidade onde já somos capazes de tomar maiores decisões sobre aquele conhecimento.

Nesta fase temos um ótimo aproveitamento daquilo que aprendemos. Com a prática e conhecimento ganhamos eficiência e eficácia naquilo que fazemos trazendo melhores resultados.

Ri : Transcendência


Aqui superamos a técnica, a fluidez e naturalidade já fazem parte de você. É aqui que o horizonte se abre a surgimento e casamento com outros conhecimentos. É uma fase de crescimento e aprimoramento.

Relação com outras técnicas


O Shuhari lembra em muito o Modelo Dreyfus. Sendo bastante breve, este modelo divide a evolução da aquisição de uma habilidade em 5 níveis:

  1. Novato: Possui uma rígida aderência as regras a ele ensinadas.
  2. Novato Avançado: Possui um conhecimento vasto sobre as regras porém possui uma limitação em aplicá-las em diferentes contextos.
  3. Competente: Planeja bem as ações em diferentes contextos e já possui uma vivência em um conjunto limitado de situações.
  4. Proficiente: Possui facilidade em se adaptar a diferentes situações e priorizar os aspectos de cada uma.
  5. Especialista: Age de maneira natural e sem entraves entendendo as limitações envolvidas.
Claramente vemos uma correlação entre os níveis 1 e  2 (Shu), 3 e 4 (Ha) e 5 (Ri). E o modelo de Dreyfus é bastante consistente em suas definições com o que vejo na realidade. 

Para mim, a problemática em comparar ambos consiste que Dreyfus é um modelo, e como tal sua maior contribuição é auxiliar na identificação de onde um indivíduo se encontra em sua escala. Ainda assim, é bastante difícil para uma pessoa conseguir se julgar de acordo com este modelo, sendo mais aplicável por um observador externo.

Já o Shuhari é uma filosofia de aprendizado que busca auxiliar em como dominar um conhecimento. Sendo mais fácil (e aconselhada) de ser administrada pelo próprio indivíduo que a busca. Considero essa filosofia algo com uma capacidade bastante aguçada de transformar atitudes, apresentando mais benefícios para quem a busca.

Imagens retiradas de:

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