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Arquitetura Evolutiva tem que respirar

Uncle Bob é um grande defensor da filosofia em que o desenvolvedor deve adiar ao máximo as decisões que criam amarras ao seu código. Esta é considerada prática já estabelecida quando estamos tratando de componentes externos como Bancos de Dados (por mais que alguns não consigam seguir essa filosofia), mas o que Robert quer é ir além, onde nosso código tenha o mínimo de dependência tanto de ferramentas, frameworks até mesmo a nossa arquitetura de deploy.

De início pode não pareceruma tarefa fácil. Como desenvolvedores vivemos uma batalha diária a cada tomada decisão. Estas devem encontrar o equilíbrio entre a sustentabilidade de longo prazo do nosso sistema e a velocidade com que conseguimos colocá-lo no ar. Afinal, o valor presente em um software cuja a manutenção seja impraticável é tão nulo quanto um que nunca vai ao ar. Soma-se ainda que para quem vive uma realidade Lean, apesar do desenvolvimento aparentar incremental, a evolução do produto não segue esta mesma linha. Sendo na real formado por diversas "quebras".


Considerando que a cada etapa do processo de aprendizado do produto muita coisa pode (e provavelmente vai) mudar. Nosso software deve estar pronto para fazer o mesmo. Estando apto a embarcar mudanças que podem até mesmo jogar seu repositório inteiro pela janela. Neste caso, eu considero que duas perguntas são chave na tomada de decisões. Primeiro, "Qual a solução mais barata que eu estou disposto a fazer agora?" e segundo "O que eu posso jogar fora do que eu fiz?". A primeira pergunta é bem conhecida entre os praticantes do Lean Startup (de novo, não que seja fácil de se praticar). Já a segunda envolve uma habilidade que poucos desenvolvedores possuem, o desapego


Muitos de nós temos dificuldade de nos livrar de coisas da nossa vida. Séries como Os Acumuladores estão aí para nos mostrar os extremos a que esse tipo de realidade pode chegar. Infelizmente muitos programadores são acumuladores de código, seja mantendo funcionalidades que não são mais usadas, classes não acessíveis por ninguém, testes que não testam nada ou o pior de todos, código comentado. Muitos amontoam essas quinquilharias sob a promessa de que "podem ser úteis no futuro". Porém, o que acabam fazendo é contribuir para aumentar a carga de legado, levando a produtividade do time para baixo. Por isso, se você possui algo que se encaixe em uma dessas situações no seu código, faça um favor, delete-as. Não tenha medo, o controle de versão vai te ajudar se um dia você precisar de algum artefato arqueológico destes (pouco provável).

Dominada esta habilidade, você estará apto a diminuir o tamanho do seu código. Deixando mais espaço (tanto no projeto como na sua mente) para construir novas coisas. É aqui que retornamos a primeira pergunta. Dela as palavras que mais importante a se levar em consideração são "barata" e "disposto". Por barato o que queremos dizer é aquilo que gera valor de forma mais rápida, implicando em menor custo e por consequência um maior retorno (seja monetário ou de aprendizado). Já no disposto entram os valores que você, como desenvolvedor, impõe no seu trabalho. Talvez você esteja disposto a criar algo que seja insustentável no futuro em prol de um aprendizado mais rápido, para que esta dívida seja paga no futuro. As vezes não tem a disposição para abrir mão de uma solução mais redonda, já que não quer carregar isto para frente. É a disposição (pessoa e da equipe) que determina o tamanho do passo que vai ser dado. Determinando não só o ritmo de trabalho como a segurança com que se caminha.

Dominando esta segunda habilidade, podemos escolher como crescer nosso software. Isso em conjunto com a primeira permite que nosso software cresca em "ondas". Sempre tateando qual o caminho mais seguro para que seu software vá evoluindo. E é isso que permite evoluir não apenas tecnicamente, mas também em valor de negócio. Alcançando o equilíbrio tão necessário para as soluções que nós desenvolvemos.


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